sábado, 3 de dezembro de 2011
Gable era filho do fazendeiro e perfurador de petróleo William Henry Gable,e de Adeline Hepshelman, descendente de alemães e irlandeses. Na verdade o sobrenome do pai de Clark era Goebel, mas foi anglicizado, nos Estados Unidos, para Gable. O departamento de publicidade da MGM criou a ideia de que Gable era descendente de holandeses e irlandeses, e não de alemães, devido à ascendência do nazismo na época do sucesso de Gable, o que poderia sugerir proximidade com o nome de Joseph Goebbels. Clark era o sobrenome de solteira de sua avó.
Com alguns meses de vida, Clark perdeu sua mãe, devido à fragilidade, às condições do parto que a debilitaram, e à epilepsia; há a probabilidade de ela ter falecido de um tumor cerebral. Antes de morrer, a mãe o batizou na religião católica, mas após sua morte, o lado paterno da família não aceitou tal batismo, criando problemas com a família de Adeline, problemas esses que só foram resolvidos quando o pai o mandou para morar com o tio materno, Charles Hershelman, em Vernon, na Pensilvânia. Até os dois anos, Clark esteve sob cuidados dos tios maternos, e então seu pai o levou de volta para Hopedale, Ohio. O pai casara novamente, em abril de 1903, com a chapeleira Jannie Dunlap, mulher culta e gentil que criou Clark como se fosse seu filho.
Gable cursou a Hopedale Grade School, depois a Edinburg High School. Aos 14 anos estava com 1,83 metros e 68 kg, e fazia parte de um time esportivo, além de tocar trompete no colégio. Um de seus amigos, Andy Means, conseguira emprego em uma fábrica de pneus, B. F. Goodrich, em Akron, e Gable resoveu acompanhá-lo, abandonando os estudos aos 16 anos.
Em Akron, assistiu à peça "The Bird of Paradise", e decidiu que queria ser ator; conseguiu um pequeno trabalho, à noite, na companhia teatral, como "moço de recados". Após um ano, sua madrasta morreu e Clark, acompanhado do pai, foi a contragosto para os campos petrolíferos de Tulsa. Chegou a trabalhar com petróleo, e como domador de cavalos, mas não deixou de lado sua ideia de se tornar ator. Aos 21 anos, herdou do avô 300 dólares, e abandonou os negócios do pai, indo para Kansas City. O pai, frustrado, chegou a ficar 10 anos sem falar com Clark.
Em Kansas City, Clark se filiou a uma companhia de teatro ambulante, a Jewell Players, que acabou se dissolvendo após 2 meses; então, partiu para o Oregon, e no caminho chegou a ser vendedor de gravatas numa loja de departamentos, Meier & Frank. Um colega da loja, Earle Larrimore, estava para se juntar a um pequeno grêmio teatral de partida para Astoria, e Gable os acompanhou. Uma das integrantes do grupo, a atriz Franz Dorfler, apaixonou-se por ele, e chegaram a ficar noivos, não chegando a casar. Posteriormente, Dorfler escreveria um artigo denominado "Eu fui namorada de Billy Gable",publicado no livro "The Films of Clark Gable", de Gabe Essoe.
Em Portland, no Oregon, Gable trabalhou para um jornal e para a companhia telefônica, enquanto tomava lições de canto. Filiou-se a outro grupo de teatro, dirigido pela ex-atriz Josephine Dillon, 14 anos mais velha que ele, mas que o influenciaria muito. Josephine ensinou-lhe postura, entonação, representação, pagou para arrumar seus dentes e seu estilo de cabelo, preparando-o para a carreira cinematográfica.
Durante muito tempo, Clark Gable foi encarado por boa parte dos críticos apenas como um ator de sucesso somente junto das mulheres. Embora esse êxito peculiar seja também inegável, o fato é que, com o passar dos anos, muitos constataram que esse americano nascido na pequena cidade de Cadiz (o mesmo nome da cidade espanhola) em Ohio, atuava diante das câmeras com uma incrível e maliciosa espontaneidade que o tornou imune ao desgaste natural geralmente acarretado pelo passar dos anos. Quem sabe, essa sua maneira de ser venha da sua origem humilde e das inúmeras dificuldades que enfrentou antes de conhecer a fama.
O charme de Clark com as mulheres já existia na juventude. Tanto que em 1924 casou-se com uma mulher 20 anos mais velha, Josephine Dillon, que acabou sendo a sua primeira agente. Josephine o levou à Hollywood. Na ocasião o moço só conseguiu fazer pontas em filmes como ''A Viúva Alegre''. E apesar que algumas nem foram creditadas, nesse ano deu início à uma filmografia que atingiu cerca de 90 títulos até a sua morte. Ele voltou a fazer teatro com o novo amigo, o então respeitado Lionel Barrymore. Foi esse ator ''medalhão'' (era irmão de Ethel e John Barrymore) que, junto com a esforçada Josephine, conseguiu encaminhá-lo para a Metro, então sob a direção de Irving Thalberg. Naquele estúdio em 1930 e no filme ''O Deserto Pintado'' começou e aconteceu a maior parte da carreira e do sucesso de Clark. Naquela ocasião acabou também o casamento com Josephine. Justo ela que, dizem, tinha sido a responsável por desenvolver naquele rapaz alto (1m90), musculoso e com grandes orelhas (depois corrigidas), as suas aptidões artísticas. A fama de interesseiro se ajustou a Clark porque ele, em 19 de junho de 1931 (um ano depois do divórcio), casou-se com a socialite Rhea Langham. Dizem que, mesmo casado com aquela rica mulher de Nova York, ele mantinha um caso com Joan Crawford, de quem havia sido coadjuvante em ''Dance, Fools, Dance'', de Harry Beaumont, um dos primeiros musicais do cinema sonoro. Mas ela não foi a única atriz a tê-lo na cama durante o segundo de seus cinco matrimônios. Dizem que até Norma Shearer, esposa do todo poderoso Thalberg, também usufruiu de suas aptidões sexuais. O fato é que, por essa ou outra razão, o sucesso prosseguia. No mesmo ano que contracenou com a Crawford, Clark era alçado a ator principal de alguns filmes da Metro. Um deles foi ''Susan Lennox'', com Greta Garbo. Outro, em 1931, foi ''Red Dust'', com a sexy Jean Harlow. Mas por ter ficado contrariado com a sua recusa em fazer um determinado roteiro, o estúdio que o alçou a glória decidiu puní-lo emprestando-o para a Columbia em 1934. O tiro saiu pela culatra. O diretor Frank Capra, então naquela produtora, resolveu usá-lo como o jornalista que foge com uma milionária (Claudette Colbert) em ''Aconteceu Naquela Noite''. O filme foi um sucesso, a primeira comédia premiada com um Oscar. E Gable, assim como Claudette, ganhou o troféu de Melhor Ator. Clark seria finalista novamente para o Oscar em duas outras ocasiões. Uma em 1938 por ''O Grande Motim'' e a outra em 1939 por ''... E o Vento Levou''. Apesar de ser apontado como favorito (e de fazer menção de levantar-se quando anunciavam o vencedor nessa categoria), ele perdeu para o inglês Robert Donat por ''Adeus, Mr. Chips''. Mas hoje existe um certo consenso que ''...E o Vento Levou'' foi o maior momento cinematográfico da carreira de Clark. Ele foi escolhido para ser Rhett Butler devido as inúmeras cartas que mulheres enviaram aos estúdios da Metro ao ser anunciada a filmagem desse best seller. E como Rhett, ele foi a própria imagem da sedução. Misturando uma certa cafajestice com determinação, confirmou-se como o maior galã do cinema na ocasião. O ator também estava de bem com a vida. ''A única razão porque o público vem me ver é porque eu sei que a vida é grande e eles (os espectadores) sabem que eu sei isso'', disse Gable na ocasião. Desse estado de espírito era o seu grande momento na vida pessoal. Ele estava apaixonado por Carole Lombard, a bela e alegre atriz que havia conhecido em 1932. O amor cresceu posteriormente e em 29 de março de 1939, 25 dias depois de ter o divórcio de Rhea, casou-se com ela. Essa felicidade durou pouco. Em 16 de janeiro de 1942, Carole morreu na queda do avião que a trazia de volta para casa, após ter se apresentado para soldados que iam para guerra. A fatalidade arrasou com Clark. Recusando-se a trabalhar, ele se alistou na força aérea e foi para o front de batalha, participando ativamente do bombardeio de importantes pontos nazistas. Por isso, foi condecorado no seu retorno aos Estados Unidos. De volta ao cinema, Clark passou a atuar em filmes de ação e com certo tom patrioteiro. Caso de ''Äventura'' (Adventure), dirigido em 1945 por seu amigo Victor Fleming. Só em dezembro de 1949, em meio de uma rotina não muito empenhada nos estúdios, voltou a se casar. Desta vez com lady Silvia Ashley, ex-mulher de Douglas Fairbanks. Mas a relação foi curta, terminou em abril de 1952. No ano seguinte, fez um de seus maiores êxitos da fase madura, ''Mogambo'', de John Ford, quando (dizem) chegou a ter um romance com uma das atrizes, a bela Grace Kelly. Em 11 de julho de 1955 Clark aparentava felicidade ao casar-se com Kay Spreckles. Amável e sem glamour, ela parecia ter dado paz e estímulo ao marido que, naquela década, trabalhou ativamente ao lado de estrelas como Yvonne deCarlo (''Meu Destino Foi Pecar'') Eleanor Parker (''Esse Homem é Meu'') e a italiana Sophia Loren na comédia ''Começou em Napoles'', seu penúltimo filme. Em 1960 foi contratado para atuar com Marilyn Monroe em ''Os Desajustados'', de John Huston, que tinha roteiro original do dramaturgo Arthur Miller, marido de Marilyn. Seu salário foi alto: 750 mil dólares, mais 58 mil para cada semana de acréscimo. E as filmagens, tumultuadas pelos atrasos e caprichos de Marilyn, foram além do prazo. Mas Clark até que estava feliz no meio das confusões, pois ficou sabendo que iria ser pai pela primeira vez na vida. Kay estava grávida. Porém, o destino foi novamente cruel. Em 16 de novembro de 1960, dois meses depois de terminar as filmagens de ''Os Desajustados'', Clark sofreu um fulminante ataque de coração. Ele foi enterrado ao lado de Carole Lombard em Forest Lawn Cemetery. Em 20 de março do ano seguinte nasceu John Clark Gable, seu filho. Ele tentou seguir a carreira artística e chegou a fazer dois filmes para a TV. Em vão. Mesmo que não houvesse a herança genética, nem ele e nem ninguém conseguiria superar ''the King''. Clark Gable, o rei, até hoje, 100 anos depois de seu nascimento, é um ator muito especial.
Principais Filmes
E o Vento Levou
Aconteceu Naquela Noite
O Grande Motim
Os Desajustados
São Francisco, a Cidade do Pecado
Trágica Decisão
Terra de Paixões
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